Dando sequência ao material que apresenta o perfil dos criadores de conteúdo no Brasil, publicamos a terceira de uma série de cinco reportagens sobre uma pesquisa feita por nós, com o apoio do Google, entre janeiro e junho de 2021.
Se no último texto do nosso material falamos sobre a ascensão do TikTok, sobretudo entre os mais jovens, desta vez vamos conversar um pouco sobre o YouTube.
A plataforma é quase o oposto do TikTok, uma vez que a maioria dos usuários são de uma faixa etária diferente: a preferência pelo YouTube chega a 75% entre aqueles com mais de 30 anos, enquanto o TikTok marca 30% – o Instagram ocupa o primeiro lugar, com 84%.
Leia a primeira matéria da série: como a pandemia afetou a saúde dos criadores
Talvez por ter sido a primeira plataforma para criação de conteúdo, o YouTube ainda concentra muitos dos pioneiros na internet. Antes da explosão de outras redes sociais, que inovaram e trouxeram novas possibilidades, foi o agregador de vídeos que ajudou a popularizar (e a movimentar) este mercado.
Além disso, a plataforma soube se manter em evidência, reformulando suas características para se moldar às tendências e oferecer novos atrativos aos usuários. Um exemplo recente foi a enxurrada de lives durante o período de isolamento da pandemia de covid-19. A maioria dos artistas e criadores de conteúdo preferiu hospedar suas transmissões no YouTube, que, por sua vez, suportou bem a alta demanda e entregou ao público um serviço eficiente.
Se quiser brigar pelo posto de plataforma preferida dos usuários, a rede social vai precisar atrair o público mais jovem. Entretanto, é importante entender por que usuários com mais de 30 o escolhem em detrimento a outras redes.

Para a influenciadora Gilmara Carvalho, 49 anos, que tem um canal desde 2014 e possui 1,32 milhões de inscritos, o fato de a plataforma ter sido pioneira no lançamento de criadores de conteúdo explica o público mais velho.
As pessoas que estão lá já são antigas, começaram mais jovens e hoje estão com mais de 30 anos. Whindersson Nunes, Nina Secrets, Felipe Neto, por exemplo, já têm anos trabalhando com o YouTube. Os criadores cresceram e se tornaram adultos.
O criador de conteúdo Lucas Rossi Feuerschütte, o Luba, 31 anos, produz na plataforma desde 2010 e possui 8,51 milhões de inscritos. Ele entende que redes como o TikTok privilegiam conteúdos para um perfil de usuários mais jovens.
As outras plataformas estão focadas em conteúdo infanto-juvenil, enquanto o YouTube abrange uma faixa etária muito mais ampla, tanto para criadores quanto usuários.
Uma das iniciativas do YouTube para atrair usuários mais acostumados ao dinamismo de outras redes, como o TikTok, foi a criação do YouTube Shorts, recurso que permite a produção e a publicação de vídeos curtos usando apenas o aplicativo. A ideia é captar outros públicos.
Confira ainda: segunda reportagem da série mostra o ranking das redes mais usadas por criadores de conteúdo
Gilmara conta que também produz conteúdo para o Instagram, o Kwai, o Facebook e o TikTok, mas entende que é o YouTube quem oferece um suporte maior para quem usa a plataforma para criar:
O YouTube valoriza o criador de conteúdo. Dá suporte, fala com os criadores e promove workshops, além de disponibilizar um gerente para nos auxiliar. Temos um espaço, o YouTube Studio, onde podemos produzir lá.
Ela ressalta que a empresa reconhece o criador de conteúdo pelo trabalho:
Nos premiam com placas e verificação baseada em nosso conteúdo e trabalho na plataforma e não por ser famoso etc., muito mais justo. Valorizam nossas opiniões tentando trazer um ambiente saudável para os criadores de conteúdo.
Luba também destaca esta boa relação com quem cria e aponta o prestígio que a marca carrega, além de elencar outros pontos fortes da plataforma.
Melhor monetização, melhores ferramentas para se comunicar com a audiência, impulsionamento orgânico (por meio de recomendação), intuitivo, fácil de usar, integração com a maior plataforma de busca do mundo. Todo mundo conhece o YouTube.
Mesmo com o Shorts e a proposta de dar um caráter mais informal aos conteúdos, Gilmara considera que a estrutura para criar para o YouTube é o que leva os criadores mais “experientes” a adotar a rede:
O YouTube, para criar vídeo, você precisa estar focado no que quer porque precisa de câmera, luzes, estúdio, e precisa de uma parte burocrática que os outros não têm. Não é à toa que as lives explodiram na pandemia pela monetização.
Ela acredita que investir em criadores com público mais jovem pode ser uma forma de atrair outros profissionais para a plataforma.
E vocês, acompanham quais criadores de conteúdo no YouTube? Contem para a gente.