Mercado da influência, haters e pandemia: tudo o que o Diva Depressão tem a nos contar sobre ser influenciador no caótico 2020

Mercado da influência, haters e pandemia: na coluna Mundo Influenciador, o Diva Depressão conversou com a gente e abriu o coração.

Quando o influenciador é bom, a gente quer sair do superficial e entrar nos bastidores, descobrindo o dia a dia da profissão. Essa semana conversei com o Edu, do canal Diva Depressão, e falamos sobre publis, haters, pandemia e muito mais.

De como é trabalhar com o parceiro  às mudanças causadas pelo cenário caótico de 2020, o Edu deixou a gente entrar na casa dele (figurativamente, pois respeitamos o distanciamento social rs), e nos deu detalhes sobre o dia a dia do canal, o aumento de audiência e às mudanças no conteúdo nesse último ano. Confiram aí essa entrevista incrível, e que foi deliciosa de se fazer!

Criadores iD: Conta pra gente, como é trabalhar com o parceiro? Vocês ficam 24 horas por dia juntos, como fazem pra ainda assim ter o momentinho de individualidade?

Edu: Pra gente é muito fácil!

Primeiro que gente está junto há muito tempo e se conhece bastante. E outra, a gente iniciou esse trabalho juntos, então sempre aprendemos muito um com o outro e nos apoiamos demais.

Óbvio que às vezes a gente discute, como todo casal (e principalmente como um casal que trabalha junto). A gente tem nossos momentos de divergências de ideias e pensamentos, mas logo passa e a gente entende que é uma discussão boba. Depois de alguns minutos a gente entende que é só trabalho e que tem que seguir em frente.

Individualidade também não é um problema pra gente. Quando o Fiih quer ir pro quarto ouvir a música dele, ou sair pra dar uma caminhada, ele vai. Assim como eu também às vezes me tranco no escritório e fico lá ouvindo minha música, mexendo nos emails…

Por incrível que pareça, a gente gosta de estar juntos o tempo todo e é tudo muito tranquilo. A gente se diverte muito juntos, e isso não é nada sufocante.

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E como vocês fazem para ter novas ideias de conteúdos e formatos? Tem o horário de trabalho, ou as ideias surgem a qualquer momento e toda hora é hora de trabalhar?

Então, acho que todo criador de conteúdo que tem um canal bastante ativo, fazendo jobs, mantendo todas as redes, etc, não consegue se desligar 100%.

Existe sim o horário de trabalho e a gente vêm tentando controlar isso pra evitar a estafa mental, só que as ideias podem vir a qualquer momento e a gente tem que anotar. As vezes estamos assistindo e conversando e pensamos “isso aqui dá um video”, aí a gente pega o celular e anota a ideia. Então pensar em conteúdos e formatos é algo que acontece o tempo todo, não tem horário não.

Geminianos, né amores? A mente criativa tá o tempo todo trabalhando.

E o publi? Existe uma receita para o publi de sucesso?

Não acho que tem uma receita, porque cada criador faz de uma forma.

Existem formatos que vemos e que não nos agradam muito, mas que para um público específico, ele faz sentido e funciona.

O que a gente sempre gosta é assumir que é publi e não tentar camuflar, além de tentar também inserir o produto/ serviço dentro do nosso dia a dia. A gente trabalha sempre com marcas que fazem sentido pra gente de alguma forma, marcas que conhecemos e consumimos o produto. Inclusive, isso é um recado até pra quem segue a gente:  se você viu a gente fazer algum publi, é porque de alguma forma isso impactou a gente de uma forma positiva. A gente não pensa somente no dinheiro, a gente abraça quem está junto com a gente, marcas que possuem afinidade com nosso público.

Mas fórmula mesmo não tem. O importante é contextualizar no conteúdo e trazer isso de uma forma criativa e engraçada.

Sobre os famosos “recebidos”: muitos influenciadores reclamam que as marcas enviam os mimos, mas quando é para fazer job pago, chamam outros influenciadores. Vocês já passaram por isso? 

A gente já passou, e ainda passa muito por isso. Acho natural que a marca envie presentes, e sei que é uma tentativa de fazer com que a gente mencione ela de alguma forma – nem que seja como um agradecimento. O mimo chega como um presente, mas a gente sabe que tem uma segunda intenção por traz disso e tá tudo bem: sabemos que é assim que funciona o mercado. Muitas vezes é assim, inclusive, que a gente passa a conhecer a marca e vice-versa.

Mas ao mesmo tempo isso pode se tornar uma coisa chata. A gente recebe mensalmente muitos mimos de marcas que estão ativando produtos com a gente, mas eventualmente a marca lança algo especial ou diferente, ativa isso de forma paga com outras pessoas, e pra gente continua chegando como um mimo. Aí fica a questão né: se a marca se identifica com a gente pra mandar presente, por que ela não se identifica a ponto de pagar um publi? Não faz sentido, né?!

É questão de preço? Poxa, tudo a gente negocia, sabe, a gente pode chegar em um acordo.

Mas tudo bem, vida que segue e a gente entende que é importante ter relacionamento com as marcas e as agências. Mas também não vamos ficar mencionando sempre uma marca que não abraça a gente do outro lado…

As pessoas ainda enxergam a profissão de influenciador como puro glamour, né?! O que vocês têm a dizer sobre isso?

Essa é uma questão muito recorrente, até para as pessoas próximas da gente e que não necessariamente fazem parte desse universo. Às vezes a gente fala de cansaço e as pessoas ficam “ah mas cansados do que? O que vocês fazem é tão simples”. Mas nosso trabalho é sim um trabalho, e a gente ocupa a maior parte da nossa semana produzindo conteúdo. Nossa mente real não desliga, então além do cansaço físico existe também o cansaço mental. Tem uma hora que precisa parar e dar uma respirada.

Pensar que é só glamour, mimo, e evento é pura ilusão. E outra, os eventos também dão um super trabalho. Rock in Rio por exemplo são 7 dias de evento e obviamente é algo muito legal, mas se estamos prontos Às 19h pra fazer uma live, significa que a gente chegou no evento às 9h da manhã, e significa também que passamos o dia inteiro fazendo outras entregas, de outras marcas, andando embaixo do sol… tem todo um rolê por traz.

Quem vê o glamour não vê o backstage, né?

E não é uma reclamação, viu?! É muito divertido, mas é um trabalho com responsabilidades igual a qualquer outro.

E os haters? Têm muitos? Como vocês lidam com eles?

Acho que todo criador de conteúdo com alguma relevância (mesmo os com números não tão grandes), tem esse tipo de seguidor. Há quem diga que isso faz bem e há quem diga que isso faz mal, mas eu diria que faz parte, porque não temos como mudar a cabeça das pessoas… Infelizmente, existem pessoas que entram nos conteúdos só para criticar mas continuam ali te seguindo e te acompanhando.

Quando os haters te jogam em uma fogueira de cancelamento, outras pessoas acabam te conhecendo também, e podem até passar a gostar do que você faz. O hater faz parte desse universo de quem é influenciador, e beleza, sinal de que a engrenagem está girando e as coisas estão acontecendo.

Não tenho uma opinião super formada sobre isso, sobre dizer se é bom ou não. Mas a gente sabe que isso existe e a gente precisa encarar. Hoje em dia a gente lida com isso de uma forma mais tranquila, e aprendemos a nos apegar mais nos comentários positivos, ou até transformar as reclamações em conversas, zoeiras e conteúdos. Tudo a gente tenta transformar em uma grande brincadeira.

Você acha que a pandemia do coronavirus mudou muito o cenário da influência digital no país?

Com certeza mudou! Acho que a pandemia impactou bastante no nosso mercado.

Por um lado, nossa audiência cresceu porque as pessoas estão mais tempo em casa, com mais necessidade e tempo pra assistir o conteúdo. Inclusive algumas coisas que arriscamos fazer esse ano deram muito certo, como o reality show da Fazenda Depressão, no The Sims, e o Gastronodiva também.

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GRAÇAS A DONA @diaestudio conseguimos transformar nossa cozinha, temporariamente rs, pro #Gastronodiva em casa! Ficamos muuuuito felizes com o resultado dessa segunda temporada! Foram 3 dias intensos de produção, envolvendo montagem do cenário e o preparo dos episódios e receitas… Quem olha assim não imagina o quanto nossa casa TODA ficou de cabeça pra baixo! HAHAHHAHA mas valeu a pena, no fim, sempre vale! Quando a gente faz as coisas com amor, tudo dá certo! Esperamos que gostem e que aproveitem bastante ✨ Amanhã, no Jornal da Diva, a gente revela a data da estreia! MAS JURAMOS que tá bem pertinho, tá?! É que um suspesezinho faz parte, vai?!

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A nossa audiência como um todo, aumentou bastante, mas a parte da grana foi mais difícil. As marcas começaram a fechar menos publis com a gente, e passaram a focar bastante em microinfluenciadores (que estão bastante valorizados).

As pessoas que possuem orçamentos mais acessíveis começaram a fechar mais jobs, enquanto a gente que já está num patamar um pouco mais alto (e naturalmente com um preço um pouco mais elevado), sentimos esse impacto. Agora as coisas já estão voltando um pouco, mas com certeza sentimos as mudanças.

Agora vamos falar de pandemia. Você sente que o trabalho do Diva foi muito impactado por tudo o que aconteceu em 2020?

O nosso trabalho foi muito impactado na parte de jobs com marcas, de relacionamento com o mercado. Na parte de produção de conteúdo a gente só cresceu, e as pessoas inclusive passaram a acompanhar mais, mas paramos de fazer trabalhos com marcas por uns bons meses.

Sinto que elas recuaram bastante e tentaram segurar os orçamentos. A gente fechou pouquíssimas coisas, e durante a pandemia em si acho que fechamos por volta de uns dois trabalhos, no máximo. Só agora as coisas estão voltando a aparecer e melhoras, mas a gente entende que isso aconteceu com todo mundo…

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Qual foi a maior dificuldade de precisar trabalhar de quarentena?

Acho que a nossa maior dificuldade de trabalhar na pandemia é que a gente nunca teve um local fixo de trabalho, e as coisas sempre ficaram muito jogadas. A gente está trabalhando muito dentro de casa, então veio a ideia de montar um escritório em um dos cômodos do apartamento. Era um cômodo que chamávamos de closet, mas transformamos parte dele em um home office para podermos nos organizar melhor.

Acho que o mais difícil mesmo foi ter um lugar para trabalhar – a gente saía e viajava muito, tendo que lidar pouco com a parte mais burocrática. Agora, ficando em casa, a gente precisou se acostumar com isso e a aprender a organizar o local de trabalho mesmo, porque trabalhar em casa (da cama, sofá…), começou a influenciar no nosso psicológico. Foi importante tentar “dividir” os ambientes.

Pra finalizar, conta pra gente 2 influencers nacionais e 2 influencers gringos que arrasam nos publis pra gente seguir!

Tem duas criadoras nacionais que a gente gosta muito de ver os conteúdos e os publis, que são a Jout Jout e a Camilla de Lucas. A gente acha que elas arrasam muito nas publis.

Agora, internacional, a gente não acompanha tanto. Nós consumimos muito conteúdo brasileiro, no mercado de influência no geral. Então internacional a gente vai ficar devendo!

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Criadores iD